Por: Nara Bianconi/Goiás
Em Alto Paraíso de Goiás (GO), Chapada dos Veadeiros, doses de vacina chegam em conta-gotas. A prefeitura, sob o comando do prefeito Marcus Rinco, justifica a escassez: elas são enviadas com base no Censo do IBGE, de 2010 (já que o de 2020 foi cancelado para evitar criar provas da miséria em que se encontra esse país). Acontece que, com a pandemia, a cidade recebeu uma super população que abandonou temporariamente os centros urbanos, criando uma demanda que precisa ser justificada de alguma forma.
Daí que a falta de vacina, somada a atuação pouco inteligente da prefeitura na distribuição de senhas, tem feito com que pessoas durmam na rua aguardando por uma senha.
Tem gente de classe média, mas tem muita gente pobre, periférica, negra e branca pobre. Gente que não tem dinheiro pra ter roupa adequada ao frio da madrugada. Gente que deixa filho de colo em casa sozinho pra poder se vacinar. Gente que traz filho de colo pra fila, passar frio junto, porque não tem com quem deixar. Gente que passa por essa humilhação e desrespeito porque está com medo de morrer.
Nara Bianconi é jornalista há mais de 15 anos. Escreve sobre tudo aquilo que pode fazer diferença nesse mundo atrapalhado.
