“Tudo que nóis tem é nóis”

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Quando meu trabalho ajuda a quem tem que ajudar, então eu cumpri a minha missão

Uma leitora salvou meu dia hoje. Aliás, eu recebi mensagens de vários leitores entre ontem e hoje. Monte de feedback que enche meu coração de alegria. Mas teve especialmente uma leitora que mexeu muito comigo. Ela se chama Mariana e também é imigrante. Está num país bem mais perto da guerra que eu. E ela veio agradecer pelo meu trabalho “político e jornalístico”, nas palavras dela.

Ela reiterou um post que eu fiz sobre a situação que os negros passaram na travessia das fronteiras ucranianas em fuga da guerra e também sobre o crescimento exponencial do nazismo e a força que o racismo ganha com isso. E óbvio, como eu nunca generalizei, ela também reforçou: claro que não tem só ucraniano neonazi e racista. Toda generalização é burra, na minha perspectiva. Por isso é que eu nunca defendi a guerra ou recriminei a Ucrânia. Eu só levantei a bola sobre coisas que não estavam sendo ditas. E sim, a mídia tradicional também escreveu sobre a situação dos negros nas fronteiras. Mas o fez DEPOIS de eu ter escrito aqui pra CT.

A própria Mari (já tô íntima, jesuis), reforçou que eram as pessoas que estavam lá na fronteira que começaram a divulgar aquilo pelo quê elas estavam passando de forma privada. Foi assim que chegou pra mim: em vídeos compartilhados nas redes sociais.

Ela me disse que muitos nigerianos conseguiram embarcar ontem, finalmente.

Aliás, ela traduziu o texto que eu escrevi e enviou pra pessoas que estão na linha de frente lá das fronteiras, numa luta antifascista, tentando ajudar pessoas. E ela me disse sobre a importância para aquelas pessoas em ter outros que se somem à divulgação dessa luta antirracista, que existe, inclusive por parte de ucranianos. E que isso vai além do que a grande mídia já está fazendo, com a cobertura da guerra e das decisões de líderes de Ucrânia, Rússia e outros países que defendem um ou outro lado.

Por fim, ela disse: “o seu trabalho tbm está sendo muito importante pra eles; e o seu nome vai chegar naquela frente. Eles vão saber quem é Cínthia. Eu queria te agradecer por você conseguir verbalizar esse sofrimento”.

Eu chorei. Mas foi de alívio e gratidão.

E eu quis compartilhar isso aqui. Porque é por isso que eu trabalho: pra ajudar meu irmão e minha irmã. Algumas pessoas, têm toda ajuda; algumas dores, têm valor; tem gente que consegue chegar onde quer. Mas existem outras pessoas; e essas só têm a nossa voz.

“Tudo que nóis tem é nóis” (Emicida).

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