Terras indígenas: as cinzas de uma história

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@abyayalese

Em fevereiro deste ano, o Brasil se comovia com a guerra na Ucrânia. A todo momento, notícias eram anunciadas com muito pesar pelos veículos de informação. Além disso, imagens chocantes circulavam na internet e hashtags foram surgindo como forma de apoiar a Ucrânia.

Uma semana antes dos ataques, o presidente Jair Bolsonaro visitou o presidente Vladimir Putin. Essa viagem, que custou cerca de R $2,1 milhões aos cofres públicos, foi interpretada como um sinal de apoio do Brasil à Rússia. No entanto, Bolsonaro negou que essa tenha sido a intenção, pois o país não deveria tomar partido no conflito.

Contudo, quando há conflitos dentro do próprio país, quem deve tomar partido? Na última segunda-feira (25), Júnior Herurari Yanomami, presidente do grupo, publicou um vídeo em suas redes sociais informando que recebeu relatos de violências praticadas por garimpeiros ilegais na região de Waikás. 

Vale lembrar que Jair Bolsonaro, no dia 14 de fevereiro deste ano, publicou um decreto em que consta a criação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mape). Traduzindo, é uma ação que visa apoiar a lavra garimpeira, principalmente na região amazônica, território já muito marcada pela extração ilegal de ouro e pedras preciosas. 

Júnior Herurari Yanomami informou em suas redes sociais que uma menina de apenas 12 anos morreu na segunda-feira (25) após ter sido estuprada por garimpeiros que invadiram a comunidade Aracaça. Além disso, uma criança de apenas três anos caiu no rio e está desaparecida. 

No último sábado (30), a comunidade Aracaça amanheceu completamente queimada e vazia. Cerca de 25 pessoas viviam no local. Não há notícias sobre essas pessoas até então. 

Não há notícias, mas também não há tanta mobilização a respeito das invasões de garimpeiros e latifundiários em terras indígenas como houve com a invasão russa em território ucraniano. As terras dos povos indígenas são alvos frequentes de ataques de garimpeiros. Essa prática tem sido cada vez mais violenta e resultando em mortes.

As investigações sobre o caso ainda estão em andamento, mas líderes indígenas informaram que esses povos possuem a tradição de queimar e deixar o local quando algum parente morre.

Mas, ainda assim, é necessário haver uma investigação aprofundada, uma vez que os indígenas estão sendo coagidos a não relatar qualquer caso que tenha ocorrido na região. Enquanto as investigações não apontam nenhuma morte e/ou estupro, a sabedoria dos líderes indígenas somado ao desaparecimento dessas pessoas já nos revela que algo aconteceu no local. 

Mesmo com toda a proporção que as invasões em terras indígenas vêm tomando, ainda não houve um pronunciamento e/ou uma visita do presidente ou de alguma entidade do governo sobre o ocorrido. Essa não tomada de posição já demonstra o que/quem importa. Na verdade, isso já havia sido mostrado bem antes. 

Reprodução de imagem / @abyayalese

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