Tá difícil se manter aqui pra ser massacrado

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Ultimamente, e cada vez mais, tem ficado difícil vir aqui escrever algo. Tanta desgraça acontecendo no Brasil e no mundo e, de repente, vocês resolveram malhar a gente.
Estamos aqui fazendo um milhão de coisas extremamente necessárias e quando vem um post que vocês discordam, os pés vêm logo no peito.
Se sou eu, é porque é mulher, porque tem que passar o teclado pro anderson, porque sou burra, desocupada, mal amada e deveria estar lavando minhas calcinhas.
Se é o Anderson, é porque é equivocado, bebeu, usou drogas, emocionado, não sabe o que tá falando, manja nada de música, perdeu a oportunidade de ficar calado.
Sabe qual é o problema? É que todo mundo resolveu querer uma bolha de aceitação onde só tem quem pense igual.
A gente tá em ano de eleição, guerra começando, país com desemprego até as tampa. Aí a pessoa nunca lê uma revista que a gente faz inteirinha falando sobre racismo ou sobre violência escolar ou sobre a manipulação da grande mídia e vem querer chutar a gente.
Acabou de sair uma revista que fala sobre o quanto a mídia independente é necessária. Sobre o quanto somos nós que estamos pautando os temas necessários, inclusive na grande mídia. Sobre o tanto de ataque que a gente tá sofrendo num ano em que as milícias digitais vão reinar. E você se sente cheio de si em sentar e vir ofender a gente por tudo e por nada? Sério isso?
Isso aqui sempre foi um espaço de opinião e entretenimento. Agora, se tornou um espaço de medo e dor. Porque as pessoas querem opinião, desde que sejam iguais as delas. “Ah, quero muito ouvir o que vocês têm pra dizer sobre isso”. É: desde que seja igual ao que você pensa. Desde que seja o que você quer ouvir.
É isso. A gente tá repensando vir aqui escrever. Porque tá punk.
Tá na hora de repensar prioridades, minha gente. Ou o Brasil vai pro buraco de vez.

Ps.: esse texto não é generalista. Eu tô falando especificamente pra pessoa que vem aqui só pra xingar, ofender e chamar o próximo.
E digo mais: se você usa a frase “quem é você pra falar de música?”, pro Anderson, se liga que tá passando vergonha. O que você vê, o que te deixam ver, não resume uma pessoa.

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