Somos mesmo contra o falocentrismo?

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Polêmica essa pergunta, né, minha gente. Mas como feminista que entendeu e montou o seu próprio feminismo através de vivências e não de bases teóricas e, portanto, como integrante aí desse grande exército que batalha contra o falocentrismo dentro e fora da cama, às vezes me pego me fazendo essa pergunta.
Porque eu sinceramente não aguento mais ver por aí páginas e pessoas que se dizem feministas (inclusive na área da sexologia) fazendo, por exemplo, manual de boquete o tempo todo. Vendendo isso. Criando cursos, aulas, roteiros.
Se já entendemos que os gêneros e sexos não estão ligados a genitais, porque é que continuamos afirmando poder empoderar mulheres através de manuais de boquete?
Quando é que a gente vai começar a fazer manual de bogrelo? Porque isso eu posso dizer com todo o conhecimento de causa que se é pra ensinar algo a alguém, se tem alguém que tem coisa à beça pra aprender aí é o homem cis hétero. Então por que que não estamos ensinando eles a chuparem vulvas? Por que que a gente não tá se preocupando com isso? Não sei vocês, mas eu tô cansada de ficar sendo chupada correndo e de qualquer jeito.
O que me incomoda por trás desses manuais de boquete é a ideia implícita de se “enlouquecer alguém na cama”, sempre com esse intuito de posse, de conquista, de relacionamento, de conseguir aquilo que sempre nos impuseram e de que nunca verdadeiramente precisamos: um homi ao nosso lado.
Olha, eu acho que o meu boquete é incrível e que quem teve ou está tendo a sua rola chupada por mim tem a maior sorte do mundo, tipo assim, ganhou na loteria do prazer, RISOS, mas eu ando interessada mesmo é em saber quando é que esse homi vão aprender a nos chupar e nos fazer gozar com suas bocas?
Eu to cansada de sermos sempre nós a fazermos “cursos”, a lermos e escrevermos manuais, a pesquisar, a nos aperfeiçoar enquanto eles continuam voltados pro prazer do próprio p4u como sempre, comendo a gente mal pra dédeu e como se o falocentrismo no sexo geral já não fosse suficiente. Como se nós já tivéssemos entendido completamente o sentido de “sexo não é só penetração” e tivéssemos colocando isso em prática direto. Cansa ter que explicar isso, sabe?
O que eu acho é que empoderamento não é nem devia ser sobre saber fazer um bom boquete, mas deveria ser, inclusive, sobre saber que temos o mesmo direito de termos nossas vulvas chupadas bem goxtoso e de gozar tanto quanto eles. Num é sobre igualdade esse bagulho de feminismo?
Então, pronto.
Aprendam aí.
Melhorem. Vocês conseguem.

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