Quantos corpos mais ainda irão cair?

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Na manhã desta terça-feira (24), o Complexo da Penha, na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro, acordou com uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Isso acarretou em um intenso confronto e, segundo informações dos moradores ao jornal Voz da Comunidades, os tiros já podiam ser ouvidos por volta das 4h da manhã. 

A Polícia Militar afirma que entre os onze mortos, dez eram suspeitos. Dentre as pessoas assassinadas, há uma moradora que foi baleada durante o tiroteio, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo já foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).

Outras duas pessoas ficaram feridas e foram levadas para o Hospital Getúlio Vargas, que também fica localizado na Penha. Além disso, por causa do confronto, onze escolas ficaram fechadas de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

No mês em que a Chacina do Jacarezinho completa um ano, temos mais uma operação que deixa apenas como resultado o sofrimento de onze famílias. O Dicionário de Favelas Marielle Franco contabiliza, até o momento, nove chacinas. A primeira registrada aconteceu dia 26 de julho de 1990, que ficou conhecida como Chacina de Acari.

Essas operações não deveriam ser consideradas política de segurança pública. Para quem está no confronto diretamente, não há benefício. O objetivo é prender alguns traficantes? Armas? Isso de fato é o método mais eficaz de conter o tráfico?   

Em 2013, quando as obras PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)  estavam em andamento, um traficante concedeu uma entrevista e disse a seguinte frase: “a bala vai comer, vai morrer polícia, vai morrer bandido e o crime não vai parar, porque se sair nóis, vai entrar outro e a bala vai comer do mesmo jeito.” 

Esse é o ponto. Não é com a entrada de polícia na favela que se combate o tráfico, essa medida de “segurança pública” é apenas para disfarçar o verdadeiro objetivo: matar preto e pobre. É simplesmente uma política de morte. Não há um plano de segurança que seja de fato efetivo para combater o tráfico.

Ampliar o número de policiais, colocar UPPs nas favelas, isso é política de segurança? Segurança para quem? Para as pessoas que moram nas favelas que não é. Muito menos para as famílias dos policiais mortos em confronto. Vale lembrar que a polícia que mais mata é também a que mais morre.

Os problemas são inúmeros. A primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi criada em 2008, ou seja, mais de dez anos de existência das UPPs. E o que mudou até agora? O que foi feito efetivamente? Porque as mortes dos moradores continuam sendo “um efeito colateral”, não houve uma redução de homicídios, o tráfico não acabou, a corrupção policial muito menos.

Quantas pessoas ainda serão assassinadas para que exista um plano de segurança eficaz?    

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