Prazer como sobrevivência

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Eu fiz uma escolha muito importante na minha vida: a de viver priorizando o meu bem-estar. Esse tem sido o meu maior exercício pra viver melhor.

Eu só passei a me priorizar. Hoje, não há ninguém na minha vida mais importante do que eu. E isso não é narcisismo. O narcisismo ama a si e despreza os outros. Eu só quero que geral se ame também.

Então, o prazer está incluído nessa priorização do meu bem-estar. Eu preciso do prazer pra viver. Já falei bastante sobre o quanto a masturbação me ajuda com a depressão, já que o corpo, através do prazer sexual, produz muitas das substâncias de que necessita para o bem-estar.

Agora, é preciso entender o prazer de uma maneira mais ampla. Há outros prazeres, que também nos fazem produzir o que precisamos. Que não necessariamente “compensam” o prazer sexual para nós sexuados, mas que ajudam a segurar a marimba na maior parte das vezes. Eu tenho “momentinhos” comigo mesma. Pequenos prazeres, como me deitar na rede de casa, olhando pro céu. Cantar, sambar em casa sozinha. Fotografar. Sou feita desses pequenos prazeres, tão essenciais pra minha sobrevivência. É nesses “momentinhos” que eu me lembro que a vida pode ser boa e não esmagadora como me parece na maior parte do tempo.

Então, tenho me concentrado bastante no prazer como ferramenta de sobrevivência. Eu quero me olhar no espelho e me amar, eu quero ter crise de riso sozinha, quero gozar, quero cantar até acertar aquela nota que eu não consigo, quero me lembrar de que posso recomeçar sempre, eu quero esquecer que mais de 51 milhões de pessoas escolheram reeleger o presidente atual.

É que com depressão, não se tem muito tempo de sofrer por mais nada que não seja a grande batalha consigo mesmo. Eu preciso ter forças pra levantar da cama e trabalhar, pra escrever todos os dias, e até pra poder chorar. Quando dá, eu choro, depois me deito na rede, coloco um Arlindo Cruz bem alto em casa e sambo sozinha me lembrando que viver é bom, ainda que difícil e cansativo. Esperança no eleitorado brasileiro? No não enraizamento das ideias b0ls0n4rist4s? Não tenho. Mas esperança em mim e em continuar viva, tenho bastante. Morrer não é opção, mas gozar é a minha escolha. 

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