O que tem a ver Milton Ribeiro e Os Olhos de Tammy Faye?

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Os Olhos de Tammy Faye é um filme baseado em fatos reais, sobre o casal Jimmy Bakker e Tammy Faye Bakker, esposa dele. Eram missionários e tele evangelistas norte-americanos que tiveram programas de TV nas décadas de 1970 a 1990, e construíram um império que envolvia centros de tratamento, parques de diversão, escolas, centros sociais, estúdios de tv, um universo paralelo para evangélicos conservadores dos Estados Unidos.

Esse filme ganhou o Oscar de melhor atriz para Jessica Chastain, por interpretar Tammy Faye.

Tammy e Jimmy eram jovens da Assembleia de Deus, na década de 1950, e fizeram cursos de teologia e missões. Jimmy realizava pregações no seminário, onde falava muito sobre dinheiro, e isso era apoiado por Tammy. Eles encontraram afinidades nesse pensamento que seria conhecido no futuro como TEOLOGIA DA PROSPERIDADE. Ficaram amigos; uma coisa leva a outra, e eles tiveram relações sexuais dentro do seminário, o que era proibido, e saíram da escola.

Independentes, começaram a realizar cruzadas, encontros de avivamento pentecostal em cidades do sul dos Estados Unidos, TOTALMENTE ALHEIOS ao que a igreja negra norte-americana estava fazendo com Rev. Martin Luther King Jr, que lutava por direitos humanos. Sim, há diferenças enormes entre as igrejas. Fique esperto, porque isso está se repetindo no Brasil. Se sua igreja só fala de prosperidade, é natural que ela seja conservadora, mesmo que permita tatuagem, como a Bola de Neve. Se sua igreja fala DE GENTE, é provável que ela seja progressista.

Qual foi a última vez que você ouviu seu pastor lamentar a morte de Marielle?

Ou melhor, VOCÊ JÁ OUVIU?

Jimmy, Tammy, Pat Robinson, Rex Humbbard, Jimmy Swaggart, Billy Graham foram tele evangelistas norte-americanos que fundaram o pensamento conservador brasileiro contemporâneo, que de contemporâneo tem só o nome.

Uns mais focados em dinheiro, outros menos, todos, porém, odeiam feminismo, pautas LGBTQIA+, pautas negras, de minorias. São os evangélicos brancos, alheios ao mundo, consumistas, republicanos, base de apoio de Trump e, no Brasil, de Bolsonaro.

No Brasil, pessoas como R.R. Soares, Edir Macedo, Estevam Hernandes, Valdomiro, Feliciano, Silas Malafaia e uma centena de outros pastores e “apóstolos” seguiram EXATAMENTE A MESMA FÓRMULA destes pastores que eu citei:

Mídia, música, milagres na TV, mensagens sensacionalistas e fácil de entender, muitos pedidos de dízimo, ofertas, dinheiro, promessas, e um império que inclui: editoras, gravadoras, produtoras de vídeo, de eventos, comércio e até empreendimentos imobiliários. E junto com isso: lavagem de dinheiro, estelionato, isenção de impostos.

Caio Fabio, reverendo, diz há anos que há muita sujeira nesse meio. Interesse por dinheiro, poder, muito sexo. Quantos aqui lembram da resenha que bispos da Universal fizeram num hotel?

Ou seja, tudo que vemos hoje, vem de antes. Os pastores neopentecostais brasileiros não inventaram nada.

E mesmo pastores de igrejas históricas, como a presbiteriana, cederam ao pensamento conservador e neopentecostal.

Caso de Milton Ribeiro, pastor presbiteriano, que saiu do Ministério da Educação, depois do escândalo de pastores que pediam até UM QUILO DE OURO pra se reunir com ele, tinham editoras pra imprimir bíblias que vendiam em grandes quantidades, como um cachê para facilitar reunião de prefeito com o ministro, e Milton, com aquela cara de manso, já tinha dado sinais que fazia parte dessa escória.

Quando assumiu, disse que ia buscar o estado laico.

Depois, disse que gays vêm de famílias desajustadas. Disse que universidade é pra pouca gente, pobre não tem que estudar. E condenava como prática doentia o homossexualismo.

Curioso esse foco que Milton, Malafaia, Feliciano e outros dão ao homossexualismo.

Jimmy Bakker, o pastor que está no filme que eu indiquei, lutava abertamente contra o homossexualismo. Mas descobriu-se, depois de anos, que ele era homossexual. E havia outros grandes pastores conservadores homossexuais.

São pessoas que se odeiam tanto, que pregam contra o que são.

O que estamos vendo é a repetição da história.

O Brasil, mesmo com a saída de Bolsonaro, já está mergulhado no conservadorismo e atraso.

A saída de Milton nem deveria acontecer, porque ele nunca deveria entrar.

O Brasil acabou.

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