Morre ator que deu o primeiro beijo gay no cinema

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E a gente assiste às mortes violentas de gays no Brasil e no mundo de braços cruzados

A morte do ator estadunidense William Hurt provocou comoção nas redes sociais ontem à noite. O ator, que morreu de causas naturais aos 71 anos, é um símbolo para o cinema, uma vez que ganhou Oscar de Melhor Ator por sua interpretação no filme O beijo da Mulher-Aranha, filme que contou, inclusive, com a participação de vários nomes brasileiros.

E por que é um símbolo? Porque ele venceu esse Oscar interpretando um personagem abertamente gay, responsável pelo primeiro beijo gay no cinema. Em 1985.

Estamos em 2022. Passaram 37 anos. E a gente segue num mundo onde tem quem recrimine beijo gay na TV, no cinema, em clipes, nas ruas. A gente segue num Brasil, onde os gays morrem só por serem gays.

Se liga: nesse momento, algum irmão gay está com medo de sair na rua e ser morto. Têm sido frequentes os casos de homicídio a gays. Nos últimos tempos, dois rapazes gays foram encontrados mortos com sacos plásticos na cabeça.

Ainda vivemos num mundo onde pessoas morrem por serem quem são, sem fazerem mal algum a qualquer pessoa que seja. Gay morre por ser gay. Mulher morre por ser mulher. Trans morre por ser trans. Preto morre por ser preto. Pobre morre por ser pobre. Só não morre, a mão que mata. Mata asfixiada, mata no tiro, mata de fome.

Ainda vivemos no país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo.

2020, irmão. Em 2020, 237 pessoas da comunidade LGBTQIA+ tiveram morte violenta relacionada à sua orientação sexual. Não sou eu quem está dizendo isso. Está num relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Quantos mais vão morrer? Vão se passar mais 37 anos em que pessoas vão viver com medo?

Outro dia, numa entrevista, uma menina de 21 anos, travesti não binária, me disse: “A minha expectativa de vida é de 30 anos. Eu só tenho mais nove. Todo dia eu me pergunto: o que eu vou fazer nesse tempo que me resta?”

Se isso não te parte o coração, nada mais o faz.

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