Pensar em escrever esse texto me disparou tanto gatilho. Mas eu preciso.

Um homem identificado como Roberto Sanches, foi a uma hamburgueria na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. Comeu, foi embora e mandou mensagens para o WhatsApp da empresa, onde eles recebem pedidos de clientes. Na mensagem, ele dizia: “Meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado. Ela é lésbica e negra, entenda meu lado”.

A pessoa que fala com ele por WhatsApp, rebate: “Tipos de clientes como você, não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a “negra e lésbica” é a melhor chapeira da cidade. Pessoas preconceituosas como você, não queremos aqui”.

Mas o cara não desiste: “Eu sei, mas sou cliente e devo dar minha opinião e sou sim preconceituoso e racista. E acho que vcs não devem botar esse tipo de gente pra trabalhar”.

O ponto a que chegamos, amigos, eu não sei se tem volta.

O Brasil é dos países que mais matam pessoas da comunidade LGBTQIA+ no MUNDO. É um país racista, mesmo tendo a maior parte da população formada por pretos e pardos. É um país machista, onde uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas. É um país sexista, misógino. E desde que todo tipo de preconceituoso e racista foi tirado dos esgotos do país, com dancinhas estúpidas, arminha feita com a mão e slogan no melhor estilo Alemanha nazista, a gente tem visto a paz cada vez mais distante das nossas vidas.

Felizmente, a OAB Subsecional de Parnaíba, entrou em contato com a vítima e vai acompanhá-la na denúncia, que ela ainda não fez por medo. A entidade divulgou uma nota de repúdio, na qual lembra que lesbofobia e racismo são condutas tipificadas como crime e que esse tipo de atitude é inaceitável.

Em Portugal, algo parecido aconteceu comigo, mas num caso de xenofobia.

Essa situação, me fez lembrar de quando uma senhora portuguesa se recusou a ser atendida por mim num estabelecimento em Lisboa. Disse que eu não falava a mesma língua que ela e era incapaz de atendê-la. E se dirigiu à uma colega. Portuguesa. Bem branquinha de olhos claros. Eu fiquei imóvel, mas com um ódio bizarro.

Mas eu tô com muito mais ódio agora, porque tem coisa mais estúpida, ignorante, nojenta do que um brasileiro que se acha europeu? Do que um homem hetero que se acha acima de tudo e de todos e que não tem, sequer, vergonha de dizer: sou racista mesmo! sou preconceituoso mesmo! e eu falo o que eu quiser, onde eu quiser, como eu quiser e o mundo tem que me servir. CARALHO!

E o cara ainda se acha no direito de dizer “ENTENDA MEU LADO”. Oi?! Seu lado, é o lado de um escroto que não deveria viver em sociedade, cara. Essa gente, tem que acabar. Nem que seja no soco.