Djonga: a voz da revolução

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Foto: Julia Reis/Gshow

Gustavo Pereira Marques, mais conhecido como Djonga, cursava história na Universidade Federal de Ouro Preto, mas prestes a terminar, decidiu dedicar-se inteiramente à sua carreira.

Hoje, é um dos grandes nomes do rap nacional. Sua carreira decolou com o álbum “Heresia”, em 2017, que definiu o perfil musical do artista, trazendo composições marcadas por críticas histórico-sociais contundentes e o empoderamento preto.

Em umas das suas composições, “Bença”, reafirma o compromisso do compositor com o resgate da ancestralidade preta através da sua avó, Dona Maria. Na composição, a presença de lembranças sobre os cuidados e os ensinamentos dados pelas matriarcas, como um manual de sobrevivência, resgata lembranças de pessoas pretas, como eu, sobre a infância e o primeiro entendimento do peso que é ser preto no Brasil.

A revolta contra o sistema que assassina e ridiculariza os nossos corpos e as nossas dores, é representado através das músicas do Djonga, que trás com fúria a voz de quem segue sendo mira nesse sistema genocida. ”Fogo nos racistas”, como disse Djonga, é duramente criticado por pessoas que sequer são alvos e vivem em sua zona de privilégio, mas que, ainda assim, ousam opinar e definir como um movimento radical.

Aclamado ou cancelado, o cantor e compositor é, constantemente, foco nas redes sociais, que analisam cada um de seus passos. Em seu último álbum, “Nu”, trouxe à tona questionamentos sobre o seu próprio ser, constituído por erros e acertos, e os perigos  de ser humano na “Era do Cancelamento”. Ressaltou também, as dores de seguir nadando contra as correntezas sistêmicas, por simplesmente ser e ocupar um lugar de sucesso. O Brasil conservador e escravocrata não está pronto para o Djonga, um homem preto, revolucionário, destemido e humano.

No festival Lollapalooza, no último sábado (29), o rapper ecoou a voz da juventude preta revolucionária e a sua revolta com o atual presidente, Jair Bolsonaro, mesmo em meio à tentativa de censura. Gustavo, é o homem que abandonou a graduação, mas segue fazendo história!

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