Deus é amor, mas só para os héteros

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Conforme o Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, o Brasil é considerado o país que mais mata pessoas LGBTQIA + pelo quarto ano consecutivo. Só no ano passado 316 pessoas foram vítimas de LGBTfobia. Houve um aumento significativo se comparado ao ano de 2020, em que foram registradas 237 mortes.

Vale lembrar que certamente o número de assassinatos em 2020 seria maior se não estivéssemos no ponto mais crítico da pandemia. Ou seja, momento em que as pessoas precisaram mudar completamente a sua rotina e passaram a realizar as tarefas, dentro do possível, de forma remota. 

Mas é o Mês do Orgulho LGBTQIA +, em que grande parte das empresas inserem o arco-íris em seus logos, abrem ações afirmativas, entre outras coisas. No entanto, ainda há poucas pessoas LGBTQIA + em posição de poder dentro dessas mesmas empresas. 

Além disso, há ainda pessoas que tentam impor a sua religião, a sua verdade, como foi o caso da cantora Bruna Karla. Na última quarta-feira (15), um trecho da entrevista a um podcast viralizou nas redes sociais, em que Bruna Karla dizia que apenas iria ao casamento do amigo gay se ele fosse se casar com uma mulher.

Essa foi apenas uma dentre tantas outras falas infelizes, para dizer o mínimo. A cantora também menciona sobre condenação eterna, morte eterna, entre outros. Como se apenas a sua religião fosse o caminho certo a ser seguido. 

Diante das lamentáveis falas de Bruna, algumas pessoas se pronunciaram. O pastor Silas Malafaia saiu em defesa da cantora e afirmou que ela é livre para cantar onde quiser. Sem dúvidas, meus caros, ela se apresenta onde bem entender. No entanto, o ponto aqui não é esse. 

O ponto é: pessoas com o mesmo pensamento de Bruna Karla imporem a sua “fé” para outros. É esse pensamento de “homens de deus” que tem contribuído para que jovens sejam assassinados, às vezes, pelos próprios pais, pois acreditam que o filho(a) está possuído(a) por alguma entidade maligna. É esse tipo de pensamento que faz com que jovens adoeçam psicologicamente, tirem suas próprias vidas por não entenderem que aquele espaço é opressor.

Lina Pereira, conhecida como Linn da Quebrada, disse durante um programa que, quando as pessoas erram o seu pronome, a matam mais uma vez. Pessoas LGBTQIA + não precisam morrer para ter experiência do que seria o inferno (isso para quem acredita em inferno), pois vivem isso diariamente quando precisam mudar o visual para, talvez, se encaixar na vaga de emprego. Quando o pronome é desrespeitado, quando o medo de simplesmente andar de mãos dadas predomina. Quando o medo de ser assassinado(a) por não se enquadrar nos padrões binários. Tudo isso já é o inferno. 

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