Cracolândia: quarto de despejo

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Por: Raquel Rocha

Na madrugada desta quinta-feira (11), uma operação policial realizada na região da Cracolândia retirou pessoas em situação de rua que estavam na Praça Santa Isabel. Os grupos se espalharam pela cidade, buscando novos pontos pra se fixar, especialmente pelo Centro, próximo à praça Marechal Deodoro.

A ideia da operação, de acordo com a polícia, era a tentativa de prender traficantes que atuavam na região da Cracolândia. Essa é segunda grande ação da polícia que visa mudar as pessoas em situação de rua que vivem na Cracolândia em cerca de um mês.

Milhares de pessoas sem o mínimo de assistência médica ou social, pairando pelas ruas no frio de São Paulo. Vendo sua presença confirmada como não grata pelos comerciantes dos estabelecimentos, que amanhecem seus negócios com as portas entreabertas, com medo da reação inesperada de quem aparentemente está sob efeito de drogas.

Dá mais medo no povo de ver o “cracudo” na rua do que ver o Estado tratando pessoas feito lixo.
A política pública oferecida pela prefeitura de São Paulo para as pessoas que habitam a Cracolândia desde sempre é uma só: punir quem faz uso de drogas na região e perpetuar a dependência química como uma realidade, tratando pessoas doentes como caso de polícia.

O respeito aos direitos humanos é visto como um apoio ao uso abusivo de entorpecentes. A desumanização serve ao setor público tal qual a desculpa serve àqueles que não querem se comprometer. A questão das drogas em São Paulo necessita urgentemente de uma política permanente do Estado, e não ações pontuais a depender da gestão do governo.

Varrer as pessoas da Cracolândia como forma de higienizar a cidade de São Paulo é uma política cruel e canalha, que apenas prova que o maior problema não está nas ruas, nos diria “usuários”, mas sim em quem está entorpecido há anos pelo poder.

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