A pergunta foi feita ontem, pelo Reverendo Antonio Carlos: O que mudou, do Jacarezinho pra cá?

Deus faz perguntas, vocês sabem.

Se Deus viesse conversar com o coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia do Rio, Deus faria uma pergunta. E provavelmente seria essa.

Nada mudou.

Lembro que quando eu chamei a operação do Jacarezinho de chacina, delegado da Polícia Civil me processou, E PERDEU. Porque foi chacina, carnificina, e matança. E aparentemente, assassinato e execução, POR POLICIAIS CIVIS DA CORE, do inspetor André, que morreu de bucha pra justificar a operação.

Por isso eles derrubaram o memorial, onde o nome do André constava como vítima da CORE.

O Ministério Público vai pedir informações.

O MP poderia assumir que está gastando tinta de impressora, porque sinceramente, isso não dá em nada.

As 23 vidas (até onde sabemos) mortas ontem são lixo, são nada pra Polícia. É apenas mais um dia normal no Rio, pro governador Claudio Castro, e que provavelmente vai ser reeleito, por ações como essa.

Todo mundo lucra.

A polícia, que isola o Comando Vermelho pra expandir a milícia, ou limpa os caminhos pra praticar mais desvio, corrupção, tráfico, contrabando e comando de território, o governador, que se reelege, as igrejas, que elegem pastores e militares, a milícia do Rio das Pedras, os Amigos dos Amigos, o Terceiro Comando Puro.

Perde o povo.

Que já não come, que não encontra DIPIRONA na farmácia.

Que não tem emprego, não tem dinheiro pra conta de luz.

Ontem foi aniversário de Madureira.

Nasci ali. Na Maternidade Herculano Pinheiro, em frente ao Mercadão. Dali, fui pra Cavalcante, Juramento, depois não parei, de periferia em periferia, até por fim morar no Cachambi e sair do Brasil, depois de casa invadida pela milícia e ameaça de morte, com dinheiro na roda.

Vi anos de Rio.

Fico pensando, se pobre tivesse dinheiro pra COMPRAR ARMA, como acontece no Texas, onde 15 crianças foram assassinadas. E lá, pelo menos, o presidente lamentou. No Brasil, Bolsonaro ri.

Já que pode comprar arma, se favelado tivesse arma num dia como ontem, a Ucrânia seria recreio de escola.

O Estado está empurrando o Brasil pra uma guerra civil.

O dia em que o morro descer, e não for carnaval.