A minha decepção com Johnny

Leitura: 3 min
Getty Images

Se você faz parte da fanbase do Johnny Depp, vou te dizer: não adianta tretar comigo. Esse texto é meramente um retrato da minha desilusão e você não pode mudá-la. Nem Depp pode, à essa altura. E eu vou te explicar o porquê.
Johnny Depp foi meu primeiro amor de cinema. E eu tive poucos. Quer rir? Ria, mas tô sendo bem honesta. 1991. Eu tinha quatro anos e Depp se tornou presente no meu imaginário de uma forma muito apaixonada com Edward Scissorhands (Edward mãos de tesoura, no Brasil).
Edward tinha uma beleza muito específica, porque era diferente de tudo e todos, era doce, era alguém buscando aceitação, amor, vínculos. Vivia a solidão em toda a sua extensão e profundidade e, ainda assim, compartilhava a beleza do seu interior através de esculturas lindíssimas.
Eu era uma criança, mas ali eu amei Depp, através de Edward. Passei os anos 90 assistindo a esse filme vezes sem conta. Sabia as falas todas. Só quando fui capaz de entender que existia um artista por trás da personagem, é que então me apaixonei por Depp. Porque pensava na beleza de dar vida e interpretar Edward.
E vieram outros papéis do artista ao longo dos anos pra eu ter certeza de que ele era merecedor do meu amor.
Mas daí, muitos anos depois, a máscara do primeiro amor caiu. Porque eu não podia mais amar aquele cara sensível que, na realidade, não existia. E eu fiquei muito puta com Depp por isso.
Se você quiser, pode dizer que os abusos relatados por Amber Heard e “supostamente” praticados por Depp, não tenham “provas contundentes”. Mas eu não vou passar pano pra homem nenhum que abuse de uma mulher, seja de que forma for. E ele, Depp, passou de vários pontos que eu poderia considerar razoáveis. Não tem como eu dar a ele o benefício da dúvida.
E eu digo isso, principalmente, porque depois de anos ele volta à tona dizendo que a agressiva era ela. Sabe aquela história de chamar a ex de louca? É isso que Depp faz. E ele vai mais longe: ele culpa as mulheres, sempre, por seus erros, por sua agressividade, por ser violento. Sim, porque ele diz que Amber era aloka que tratava ele com agressividade; ela teria até sido responsável pela perda de parte de um dedo dele. E vai mais fundo nisso quando fala que a mãe, já falecida, era violenta em sua infância, como se isso justificasse a forma como ele lida com os problemas da vida de adulto.
Pra cima de mim, Depp? Me respeita!
Um homem com os acessos que você tem? Vai se tratar, meu filho. Se enterra em terapia, em apoio, em tarja preta, sei lá. Mas não mete essa de oprimido que se tornou opressor. Um homem do teu tamanho? Faça-me o favor.
Aí você me diz: comé que eu vou amar um homi desses, gente? Não dá. Eu não consigo dissociar a pessoa do artista. Eu prefiro cair de cara no chão e me arrebentar toda tendo que admitir que eu amei um cara escroto, do que passar pano pra opressor.

Tags
Compartilhe

Leia também

O site da Coluna de Terça utiliza cookies e tecnologias semelhantes para ajudar a oferecer uma experiência de uso mais rica e interessante.