A Justiça Brasileira, essa senhora branca

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Foto: Agência Brasil

Ato 01

Influencers encontradas com homens que estavam armados e foram mortos pela polícia em resort de luxo na Bahia, não ficaram presas.

“Gatinha da Cracolândia” vai para prisão domiciliar.

Policial reagiu a assalto e matou jovem negra que transitava pelo local; vai responder ao assassinato em liberdade.

(adivinha a cor. adivinha a origem)

Ato 02

Após mais de um mês, Luiz e Gustavo foram soltos. Os jovens estavam presos por crimes que, comprovadamente, não cometeram. Pai fez investigação por conta própria.

Homem que ficou três anos preso injustamente em SP se ajoelha e chora ao ser inocentado por júri.

Família diz que homem surdo foi preso injustamente na Baixada Fluminense.

Jorginho, com deficiências que limitam seus movimentos, foi preso por um roubo cometido com uma moto. Ele não conduz, porque a deficiência não permite.

(adivinha a cor. adivinha a origem.)

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Eu não preciso colocar foto dos casos. Não preciso explicar nada. Você sabe: branco, no Brasil, tem direito a tudo: benefício da dúvida; liberdade; julgamento decente; abordagem? rá! E tanto faz se é criminoso ou não. Cês lembram do rapaz que foi preso pelo roubo da bicicleta de um casal porque ele tinha uma bike igual? Cês lembram a cor do real ladrão? Quanto tempo ele ficou preso mesmo? Pois é. Já o inocente, teve que se virar no 30 pra provar que não era o criminoso.

Cê tá ligado que eu não sou a especialista em Direito aqui da CT, né? Eu deixo esse lance aí pra Nath, que manja dos paranauê de leis, regras, direitos e deveres e tal. Eu sou só uma revoltada que fica com ódio no coração dessa distinção que a “Justiça Brasileira” faz entre negros e brancos. É que o estado brasileiro não se contenta “só” em não dar ao negro as mesmas oportunidades de educação, de moradia, de emprego. Não se contenta “só” em usar o braço armado do governo (leia-se a PM) pra matar preto. Os que não morrem (de fome ou de tiro), ela, essa senhora branca que é a “nossa” justiça, faz sua parte e humilha o preto e pobre, encarcerando em situações degradantes e fodendo a vida do seu “filho” pra sempre (como se ser preto e pobre num Brasil preconceituoso, racista, elitista, já não fosse o suficiente).

E aí: eu sou só uma revoltada, ok. Mas se você não se revolta nesse país, eu sei logo qual é a cor da tua pele ou de qual lado da cidade você vive ou em quais lugares já esteve, os espaços que frequente. Eu sei.

Depois, quando a gente diz que tem que meter f0g0 nos r4c!sta, cês acham que a gente é violento. Amigo, nossa gente tá sendo violentada há seculos nesse país, nesse mundo. Então não vem com papinho sobre violência não, que disso, a gente entende (e você também, só que de lados diferentes, né?)

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