A carne mais barata do mercado é a carne negra

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Há um ano da chacina do Jacarezinho, uma semana da chacina da Vila Cruzeiro, uma semana que Genivaldo de Jesus foi assassinado em uma câmara de gás improvisada pela Polícia Rodoviária Federal de Sergipe; pequenos relatos que demonstram a mais potente máquina de matar: o Estado. A política de morte que paira sobre as polícias é mais uma amarrada à estrutura colonial que ainda reverbera sobre o nosso país. A pena de morte no Brasil é legal e não precisa de nenhum delito, basta ter a pele do crime.

Muito se fala em democracia, principalmente em tempos de neofascismo. Contudo, cabe analisarmos que a “demo-cracia” ainda parte de um lugar branco, porque ela pouco chega na favela. O que chega são as expressões dela em forma de caridade e em troca de voto. Enquanto isso, continuamos tendo uma política de branco para branco. A nossa vida e a nossa cidadania são postas à margem da sociedade. A nós são negados diversos direitos fundamentais, mas nenhum deles chega perto do essencial que é o de viver. Enquanto preto morrer pela polícia na favela, a democracia continuará sendo um mito.

Me causa pavor observar que a nossa noção de tempo, realidade e nossa memória coletiva são simplesmente esvaziadas e apagadas nos grandes veículos de informação. Hoje, a população negra enfrenta uma das piores crises humanitárias do país e a nossa vida é reduzida a número de likes: se engajar é falado, se não é omitido. Eu quero saber quanto vale uma vida negra nesse país.

Estamos cansadas de morrer todos os dias. Até quando o Estado brasileiro irá ceifar as nossas vidas e matar o nosso futuro? Nosso passado é marcado historicamente por violência; nosso presente, nossos corpos ainda são violentados, de maneiras diversas. Entretanto, é no hoje que partirá a nossa Revolução: Pretos do mundo, uni-vos!

Vencer os racismos – estrutural, institucional e individual – não é uma tarefa fácil, porque vai contra toda a estrutura fascista fundante deste país. Entretanto, o povo preto é sinônimo de luta, e não podemos mais deixar nenhuma gota nossa tocar ao chão. Se for pra morrer, que sejam eles. Derrubar o Estado é o início da construção de um país que venha a colocar nós, pessoas racializadas, à frente das tomadas de decisão. Sempre fomos nós por nós. Agora, queremos ver os aliados antirracistas usarem seus privilégios para fomentar nossa luta.

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