Juiz solicita investigação contra a família de Miguel Otávio

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foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press

O juiz José Renato Bezerra, titular da 1ª Vara dos Crimes contra Criança e o Adolescente, solicitou a investigação de Mirtes Santana e Marta Santana por maus-tratos, humilhação, racismo e cárcere privado contra Miguel Otávio.

Miguel morreu, aos 5 anos, após cair do 9º andar de um prédio no centro de Recife, enquanto estava sob a responsabilidade de Sarí Gaspar Côrte Real. O caso aconteceu em junho de 2020. Na época, Mirtes Santana, mãe de Miguel, trabalhava como empregada doméstica para a então primeira-dama de Tamandaré, Sarí. 

Como se não bastasse para Mirtes e sua mãe, Marta, terem que lidar com a perda precoce de Miguel, agora também terão que enfrentar a investigação sob acusação de maus-tratos. Essa investigação tem como base os depoimentos que levaram à condenação de Sarí Côrte a oito anos e seis meses de prisão. 

De acordo com a advogada da família de Miguel, os argumentos utilizados pelo magistrado tem como base teses racistas. O que é evidente, uma vez que o juiz está invertendo o depoimento e tentando culpabilizar a mãe e a avó pela morte da criança.

Miguel foi deixado em um elevador à sua própria sorte. Uma criança de cinco anos foi largada sozinha no elevador simplesmente por querer a sua mãe, caiu de uma altura de 35 metros e resultou em uma fatalidade. 

No entanto, o problema era o método pedagógico utilizado por Mirtes e Marta, duas mulheres negras e pobres, pois, de acordo com o juiz, Miguel não obedecia a Sarí por causa dos maus-tratos. Enquanto isso, Sarí Côrte pagou uma fiança de R$20 mil, porque é isso que uma criança preta vale aparentemente, e segue respondendo o processo em liberdade.    

Agora, a mãe e a avó de Miguel terão que lutar não apenas para que a justiça seja feita de fato, ou seja, para que Sarí seja condenada pelo crime que cometeu. Também precisarão provar que o método de correção não é a causa da morte. Infelizmente a justiça segue tendo uma cor e uma classe que não inclui a família de Miguel.   

Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press

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