E com isso ele pensa ter dado uma grande contribuição para o pensamento político brasileiro.

Tiago está vivendo aquele momento na vida em que, por termos conforto, dinheiro, ou “recursos” como querem chamar os ricos sem culpa, carreira e estabilidade numa ilha onde em volta vivem 33 milhões de pessoas passando fome,

vive o momento de, isolado nos privilégios, pensar-se tão essencial quanto dizem que você é. E por isso, acaba acreditando no que as pessoas dizem, ao elogiarem. A pessoa acredita que é, o que o dinheiro fez ela pensar que é.

Náusea.
Sartre. Pode procurar. É o que vive Tiago.

Tua opinião não importa tanto quanto dizem. Importa. Mas não desse tanto.

E você poderia usar sua voz pra algo mais inteligente.

Porque, veja, voto nulo é voto em Bolsonaro.
Qualquer analista político, bêbado, te diria isso. Voto nulo é Bolsonaro.

Diante do extremo, diante do fascismo, podemos debater os programas de governo. Mas no fim, vai ter que votar. E você já tem Bolsonaro. Se você não o quer, você precisa então tirar ele de lá. E voto nulo não tira.

Ao dizer que as pessoas estão polarizadas e são antidemocráticas ao exigirem um voto seu, pense que milhões de pessoas não podem estar erradas, e você, alecrim, certo.

Foi o voto nulo que também elegeu Bolsonaro.

Você acha que eu quero votar Lula?
Mas se não há outra alternativa de esquerda no segundo turno, ou mesmo pelos números, no primeiro, eu tenho diante de mim uma escolha. Em última análise, eu nunca fui ameaçado de morte pelo Partido dos Trabalhadores. E estamos falando aqui de vida e de morte. Vivos, ainda conseguimos lutar, Tiago. Dom Phillips, um amigo, está deixando meu coração apertado. Você perdeu amigos, Tiago? Na favela? Na pandemia? No frio? Na fome? Tem alguém. Com fome aí onde você tá me lendo agora?

Para de pensar em si.
O eu, nesse momento, não interessa. Seu dinheiro não vai te salvar da Definitiva Noite.

Fica nessa tua mansão, querido. Jogando Playstation. Ou tenha hombridade no debate público.