Eu não me arrependo de cobrar Lula

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Eu não me arrependo.
E não vou parar de gritar em direção a Lula, para que as demandas sejam atendidas.

E essas demandas são as mais poderosas e importantes para o povo brasileiro.

Na verdade, eu não quero o Brasil. Não este.
Eu quero fundar um país. Ou refundar.
Eu cheguei a conclusão que quero fundar um país.
Com outra bandeira. Com outro hino. Com outro mito fundador.

Não me importa se de economia de mercado, ou socialista, ou wellfare. Me importa que seja um país que comece do zero.

Que comece colocando povos indígenas como prioridade.
Que comece colocando o povo negro e sua descendência em prioridade.

Que coloque a reparação de povos originários e escravizados como prioridade, na dívida pública, propondo reparação patrimonial e setorial, para definitivamente dar aos descendentes dos que morreram e continuam morrendo, dignidade, paz, descanso afinal, reconhecimento, poder, dinheiro, isenção de encargos, acesso ao centro de poder econômico, não esmola, mas poder, centralidade, justiça, reparação, pagamento.

Há terras, há recursos, há clima, há fertilidade, há o ódio organizado de milhões de pessoas rejeitadas pela direita e desprezadas pela esquerda.

Você, branco, preocupa-se com outubro.
A verdadeira preocupação não é outubro. É depois de outubro.
Foi em outubro, de 2010, que Lula autorizou a invasão do Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro com as Forças Armadas.

O Rio foi usado por Lula para eleger Dilma. A Copa, as Olimpíadas, as UPPs. A gentrificação, os desvios de empreiteiras, Sergio Cabral e todos os envolvidos, presos. Temos, no Rio, 5 ex-governadores que foram presos. O presidente atual, do Rio, levou a milícia do Rio das Pedras pro Planalto.

Apreenderam 12 fuzis na Vila Cruzeiro.
Mas a maior apreensão da história foi no condomínio Vivendas da Barra, onde mora Bolsonaro. Foram 117 fuzis.

Ricardo Salles disse que o IBOPE cria eleitores de Lula. O BOPE os elimina. Disse isso, rindo. Debochando dos 48% de Lula, e das mortes na Vila Cruzeiro.

O primeiro emprego de Salles foi de secretário pessoal de Alckmin. Pessoal. Alckimin. Esse, vice presidente.

Há lideranças negras com Lula. E essas lideranças sabem que o que eu e muitos outros dizemos é a mais pura verdade.

Mas eu não posso ser silenciado pelo meu país. Nem pela direita e a milícia, que me fez sair, com mala debaixo do braço, sem dinheiro, sem casa. Deixando minha mãe e até hoje não a vi, e pela idade dela, ela vai embora sem que eu a veja de novo. Aqui, venci, porque muitos me estenderam a mão.

Mas a favela não venceu. Continua pior, e lembro das muitas tardes de dor, pobreza e angústia no morro.

O Rev. King tinha apenas uma pauta. O povo negro.
Lutou, até ser recebido por Lyndon Johnson, que aprovou a Lei de Direitos Civis. Muitas pessoas, inclusive negras, criticavam King. Mas era o país dele, e ele queria lutar. Há uma prioridade.

Nenhum Brasil pra mim presta, enquanto não houver reparação histórica, não importa quem se assente na cadeira da presidência. Perpassa Lula. Ciro. Bolsonaro.

Eu vou continuar gritando. Sozinho. Todos os dias.
Ou eles ouvem, ou um dia, será inevitável fundarmos um outro país.

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