Para quem serve as polícias?

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RICARDO MORAES (REUTERS)

A instituição polícia, originalmente, foi feita para proteger as terras dos senhores de engenho, fruto da violência e criminalidade gerada dentro do contexto da colonização e escravização. Foi melhor instituída e fundamentada após a fuga da família Real para o Brasil, em 1808, com a vinda da Guarda Real de Polícia.

Como a maioria dos nossos problemas são iniciados neste período tenebroso de colonização, não seria diferente com a constituição de umas das armas mais violentas de poder e uso de força do Estado brasileiro, a polícia militar. O Estado usa de modo intrínseco à sua bandeira de luta, a marginalização e violência para com o povo preto. A necropolítica que assombra o país é muito latente no nosso dia a dia. Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em 2019, cerca de 51% das pessoas têm mais medo da Polícia Militar (PM) do que tem confiança e respeito.

Um dado divulgado pelo G1 em conjunto com o Monitor da Violência, revela que mais de 6 mil pessoas foram brutalmente assassinadas pelas polícias civil e militar no Brasil, somente no ano de 2021. E esse é o menor número divulgado em quatro anos – por conta do uso de câmeras nas fardas dos policiais. O número de policiais mortos em operações, caiu 17% em comparação ao ano de 2020, sendo 183 casos. Os dados foram coletados pelo G1 dentro do Monitor da Violência, em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Isso tudo ocorre com uma falsa ideia de combate às drogas, resultante das operações sangrentas que ocorrem nas periferias do país, algo completamente ilógico à realidade. Chacinas são gerenciadas e vidas e famílias são ceifadas pelo Estado. No Brasil, o discurso de guerra às drogas é uma cortina de fumaça para matar pobre, preto e favelado nas quebradas do país. Isso enquanto 39 quilos de cocaína viajaram pela Força Aérea Brasileira (FAB), na tentativa de encoberta presidencial, logo no início do mandato de Bolsonaro, em 2019. 

Se o real objetivo fosse combater a venda e a distribuição de drogas ilícitas, deveriam averiguar como e por quais meios as drogas chegam aos traficantes, pois enquanto a pauta central for invadir a favela para promover chacina e derramar sangue, essa cena será encarada como guerra aos pobres.

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