Jornalismo: quem é a vítima?

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Semana passada, viralizou nas redes sociais uma reportagem sobre uma idosa de 60 anos resgatada de um trabalho análogo a escravidão, após 5 décadas servindo a uma família branca, na Bahia. No vídeo, o que chocava era a idosa, muito emocionada, se negar a encostar na repórter, branca. Para além da problemática do caso, é questionável o papel do jornalismo para com a vítima que, em minha opinião, mais espetacularizou a dor da vítima do que questionou a família que a explorou por tanto anos.

Todas as informações sobre a vítima foram expostas sem, sequer, dizer o nome e sobrenome dos agressores como contrapartida. Evidentemente, cabe o questionamento, do porquê há o excesso da exposição da imagem da vítima e não do agressor.

Casos como o do menino Henry, o do João Pedro, o da Agatha Félix, o do Marcos Vinicius e tantos outros, demonstram o quanto o foco na vítima desassocia dos nomes dos verdadeiros culpados, impedindo até mesmo de que se haja preocupação com o que tem sido feito com os criminosos e para que a justiça seja feita. A preservação da imagem da vítima, também a tira do foco de julgamentos. Constantemente, há deslegitimação da vítima para assim defender instituições, estereótipos e pessoas…

É preciso dar nomes aos bois. Expor fotos, botar a cara dos culpados na TV para, de uma vez, as pessoas aprendam a perceber quem tem que, verdadeiramente, ser julgado.

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