E, ao terceiro dia, Ele ressuscitou

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Afrokut

Acreditando e seguindo ou não, Jesus foi o divisor de águas da humanidade, foi um cara Revolucionário na época. A história diz que se entregou em sacrifício para que ninguém mais precisasse sofrer e o caminho para falar com Deus estaria livre, sem empecilhos, por meio dele. Ao terceiro dia de sua morte, ele ressuscitou – dizem seus seguidores. 

A real história escreve ele como um homem negro. O Brasil é majoritariamente um país negro, somando 54% da população. Todos os dias nasce um Jesus, mas a cada 23 minutos um Jesus é assassinado; no ano passado (8 de junho) Jesus não teve nem a chance de nascer, porque mataram sua mãe ainda grávida, em uma operação na Zona Norte do Rio de Janeiro; a cada 23 minutos, a vida de mais um jovem negro é ceifada pela necropolítica do Estado brasileiro.

Quantas famílias queriam receber, no domingo de Páscoa, a ressurreição do seu filho perdido? Centenas de famílias destruídas pela violência do Estado, violência essa que segue a herança escravocrata da colonização, onde corpos pretos eram objetificados, mão de obra barata e, principalmente, descartáveis. 

Toda a violência foi respaldada em nome de Deus, pela Igreja Católica. Ainda hoje, por mais que, em tese, sejamos um Estado laico, servimos juridicamente e socialmente a um Deus cristão. A crucificação ainda acontece a muitos “Jesus”, e em muitos Calvários diferentes. Hoje, a religião institucional seguida é a do racismo.

Gostaria que a Páscoa chegasse até as famílias de Ágatha, Marcus Vinícius, Durval, Kathlen, Marielle, Moise, Anderson, Lucas, Alexandre, Fernando Henrique, e até as 6.416 pessoas assassinadas pela polícia civil e militar no Brasil, somente em 2020 – segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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