Will Smith resolveu se internar em uma clínica de reabilitação para se recuperar do estresse após as consequências do tapa dado em Chris Rock. Além de se tornar alvo do cancelamento do público, teve a sua carreira paralisada com a sua suspensão da participação por 10 anos no Oscar. Também com a pausa na produção do filme, “Fast and Loose”, e no desenvolvimento do filme “Bad Boys “, e a sua renúncia da função de membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O tapa foi celebrado pela indústria cinematográfica branca racista, que boicotou e resistiu a presença preta premiada nesse evento (a Beyoncé que o diga). Nossa presença nunca foi aceita lá!

O tapa que vestiu Will no estereótipo de homem preto descontrolado e agressivo, mesmo que ele não tenha outros episódios assim na carreira, tornou “réu condenado” um homem negro por um ato isolado. Ironicamente, não ocorre com outras celebridades: um foi acusado de estupro, outra é descaradamente transfóbica. Ambos aclamados e conceituados, com suas carreiras intactas. Evidencia o quê e quem escolhe a destilação de ódio gratuito; a gente já nasce sabendo disso.

Os brancos estavam prontos o tempo inteiro para falar: eu não falei?! E o Will sabe, a gente que é preto sabe, somos criados para nos despir de todas as roupas que nos é vestida por, simplesmente, ser. E tentamos o tempo inteiro sermos bons, mesmo quando isso é unilateral.

Submissão e gratidão, é o preço cobrado por ocupar lugares que não são feitos para nós. Parafraseando a música do Djonga, Xapralá, “to fugindo de mim para me encontrar”. Em outras palavras, é preciso se desprender de nós mesmo e do peso das nossas próprias cobranças para, assim, podermos nos encontrar verdadeiramente no nosso eu que nos permite ser humanos.

Espero que Will compreenda que, para eles, a nossa humanidade sempre será negada. E com isso, que ele se perdoe. O mesmo, eu espero para mim…