Depois nós é que somos loucas, como sempre

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Foto: Reprodução/TV Globo

Esse negócio do P. A. com a Lina me lembrou uns negócio aqui que já fizeram comigo, aí eu tive que vir falar.

Vamos aos fatos: (RISOS)

Primeiro: Jade casalzinho de P. A. sai da casa.

Dia seguinte: Lina e P. A. flertando de “brincadeira”. Essa “brincadeira boba e gostosa” de flerte que os caras fazem com corpos que normalmente eles nunca vão pegar mas fazem mesmo assim só pra se sentirem desejados, cês tão ligado? Às vezes eles até pegam, mas só se se tiverem muito bêbados e se não tiver ninguém por perto. Eu tô ligadíssima, já fizeram muito isso comigo. 

Aí vem prova de resistência, Lina lá, única mulher com três caras num sei quantas horas sofrendo, chorando, desidratando. Os cara resolvem dar a liderança pra garota. Ela nem pediu, eles se olharam e decidiram. Lina conversou com eles depois, disse que tava se sentindo como se tivesse devendo a eles; eles disseram que tava tudo bem e que ela tinha ganho por mérito dela. 

Começa as movimentação de paredão. Lina conversa com os cara. Diz que eles estão em grupos opostos e que ela vai acabar votando em um deles porque não tem mais opção: eles dizem, tudo bem, fica tranquila, faz parte, tá de boa. 

Lina bota P. A. no paredão, igual ele fez com ela na sexta semana. (Na real P. A. sempre sentiu e se cagou de medo da força de Lina desde o início)

Depois de conversar com Arthur, o cool de P. A. começa a fechar e ele passa a dizer que se sentia incomodado e constrangido com as “brincadeiras” DELA, como se ele nunca tivesse respondido ou “brincado” também, e agora o jogo dela passa a ser SUJO. 

Essa tática de testar os limites de uma mulher e usá-la em prol do próprio ego (ou do próprio jogo) e depois distorcer a situação e o discurso pra fazê-la sentir-se culpada, louca e inconveniente é uma tática muito antiga de homi pra ficar por cima da carne seca, onde eles sempre estiveram e estão bem acostumados. 

(Homis pensando agora: “ih, caraca, ser feministo não é só dizer que é!” KKKKKKKKK) 

A diferença é que agora a gente tá vendo em modo editado, sendo nublado por metáforas de jogo dentro de um reality show na televisão. Eles só esquecem que mulheres também assistem ao BBB e que fora da tevê a gente tá de olho abertão sempre que dá. 

Lina é uma participante fantástica e necessária, uma pessoa linda, justa e acolhedora, e muito merecedora desse prêmio. E nesse país que está há 13 anos no topo do ranking de países que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, a última coisa que precisamos é que o Brasil a odeie por causa do cool fechado de um macho. 

Sei lá, só um negócio que me veio aqui na cabeça, mas deixa pra lá, deve ser loucura, né? Eu que sou raivosa. Num tenho o que fazer e fico falando essas coisas: a louca sou eu, deve ser só coisa da minha cabeça.

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