Aristocracia do samba

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Como bem dito por Zé Kéti, o samba é a voz do morro, é a alegria de milhões de brasileiros, é o rei dos terreiros, é a resistência da cultura preta e favelada. E eu ouso acrescentar mais algumas coisas: samba é a comunidade que ri e chora junto, é a manifestação do amor preto, é a esperança e resiliência.

O samba, junto da capoeira, das religiões de matrizes africanas e qualquer outra manifestação preta, no contexto pós-abolição que se seguiu a partir de 1890, foram criminalizados. Apenas, na década de 30, houve a popularização (e também embranquecimento) do samba, tido como parte da identidade nacional, através da Carmem Miranda.

Em paralelo a isso, também no início do século XX, há o crescimento do carnaval como um movimento popular de rua, com fantasias, blocos de samba e grupos organizados. Com o crescimento das mídias sociais e apoio popular, os desfiles de escolas de samba iniciaram a construção das suas histórias.

Todo o processo do reconhecimento do samba, construído por pessoas periféricas pretas, a partir de quando se torna um patrimônio nacional, infelizmente, se entrelaça com um processo de embranquecimento.
E isso é claramente evidente hoje, quando as rainhas de bateria não precisam sequer saber sambar, desde que sejam brancas, ricas e famosas.

Há um apagamento do protagonismo preto dentro do samba, que é extremamente enfurecedor. Vemos heranças pretas serem esbranquiçadas, mesmo que de maneira sutil. Jovens que nasceram no berço do samba, assumem papéis secundários, não importa o quanto eles sejam bons. E assim, as rainhas permanecem brancas mesmo quando o baile é preto.

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