Arthur do Val: como ele ultrapassou o limite e gerou indignação coletiva

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Arthur do Val com material para produção de coquetel molotov na Ucrânia. Reprodução: Twitter

Ele é o assunto do momento. Tá bombado. Geral falando do “garoto”. Jornalistas, influencers, políticos, todo mundo. Só que dessa vez, o bicho pegou e Arthur do Val ficou mal na foto.

Se você não sabe o que rolou, dá um Google, porque esse texto não é pra repetir o que todo mundo já disse. Eu esperei um tanto pra ver pra onde as coisas iam com essa história toda e aí poder dizer algo. E já entendi.

Vou te falar uma verdade: até semana passada, eu nem sabia o nome desse cara. Ele agora tem um nome, mas antes sempre foi tratado pela mídia apenas pelo apelido. Mamãe Falei. Como alguém que usa esse apelido praticamente como nome artístico se faz no Brasil, mano? 35 anos na cara.

Mas a questão é que Mamãe Falei-Lacrei-Caguei, passou dos limites aceitos por uma parte da sociedade brasileira, ao que parece. Pela parte que não se indignava até então. Veja: não vou aqui discutir a escrotidão do cara, porque isso seria debater o óbvio. Meu ponto aqui, é outro.

Uma pessoa que diz as coisas que ele disse em qualquer ambiente “seguro”, é porque tem isso por hábito.

Ou cês acham que se ele sonhasse que alguém ia vazar os áudios ele teria enviado na mesma? Porra, não! Ele falou, porque deve ser o hábito falar assim com aquelas pessoas, naquele grupo. E geral ri e concorda. Então o que houve de diferente?

Bom, ele falou de brancas. Olhos claros. Europeias. Vivendo uma guerra branca que gera comoção mundial. E é por isso que é inaceitável. Ou você acha que a revolta seria a mesma se ele tivesse falado de negras ou de indianas ou de sírias, por exemplo? Ah, faça-me o favor.

Amigo.

Começa por: ele não viajou pra ajudar a Somália ou a Síria ou o Haiti enquanto esses lugares estavam em combate.

E continua com:

Moro ficou contra, porque está preocupado com a imagem (que já não tá grande coisa). E agora tem um ser do mesmo partido, pré-candidato ao governo de São Paulo, fazendo uma cagada desse tamanho.

Damares ficou contra o cara. Ela que é responsável por o Brasil ter a menor verba para combater a violência contra a mulher em quatro anos.

Bolsonaro ficou contra o cara.

Quando isso acontece, “teje malandro”.

Porque vem cá: essas pessoas teriam se pronunciado se fosse qualquer outro grupo étnico?

Bolsonaro que vê a própria filha como uma fraquejada.

O mesmo cara que disse que só não estuprava uma mulher porque ela é feia.

Que diz que mulher tem que ganhar menos porque engravida.

Que diz que uma jornalista “queria dar o furo” pra ele.

Que diz que quilombola é preguiçoso e não serve nem pra procriar.

Que, em momentos de outras guerras, defendeu que o Brasil deveria fechar as portas aos refugiados porque “não podemos abrir as portas para todo mundo”.

Esse cara se posicionou CONTRA a fala do Mamãe Caguei. Você consegue parar e pensar no porquê? Pra mim, tá claro como os olhos das ucranianas.

O que Arthur fez deve sim ser rechaçado pra ele ruir e malandro aprender a não fazer esse tipo merda. O maluco quis se tornar uma espécie de herói de guerra e perdeu. Tudo. Até a namorada. E se liga: essa é a maior preocupação dele. O arrependimento que ele demonstra, é por ter perdido a namorada. Não tem profundidade.

E eu… bem, eu só vou me dar por satisfeita quando o mesmo que rolou com Arthur, acontecer com qualquer pessoa independente da cor da pele e da origem da pessoa que tiver sido ofendida.

Disse antes e repito agora: a dor é seletiva. E não adianta você me xingar por isso.

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