São Paulo, saudade, e as Manhãs de Setembro

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Me deu saudade de São Paulo.
Vendo uma série nova da Amazon, Manhãs de Setembro, com Liniker, pela qual estou absolutamente apaixonado.

Eu tive saudade do centrão.
Morei na República em 2017, por 2 meses e pouco.
Aquela São Paulo pixada, pesada, cinza, pesada, suja, bagunçada, cheia de gente, cheia de grito, cheia de gente sem destino, cheia de gente que pensa que tem destino.

A estação República, o sol que brilha logo pela manhã, e que cai vencido pelo nublamento do resto do dia, o frio que o carioca sente, que pra mim não é mais frio, porque agora, 10 graus pra mim é mato. Europa destrói a gente.

Eu sinto saudade das padarias de esquina. Sinto falta das coisas mais simples e banais de São Paulo. O adesivo com o mapinha do estado, dizendo que é proibido fumar. O bom dia dos atendentes, de um salário miserável, mas São Paulo te obriga a cumprir o papel diário, no palco do teatro da cidade onde somos personagens sempre atrás de algum qualquer pra complementar o aluguel. Em São Paulo, todos estamos sempre atrás, nunca sobra, sempre falta. Sempre, a ansiedade de pagar o último boleto da Vivo, da Claro, da Net, o aluguel, o cartão, o Nubank. Contas não param. Boletos não param. O afeto para. O carinho é escasso. O toque é pouco. Os amores vão embora. Os sonhos se desprendem, um a um, da flor que seguramos na mão, um sonho jovem, que tivemos ao chegar na cidade pelo Tietê, e vermos os prédios, pesados, cinzas e lindos, aquele Brasil diferente que olha pra nós e pergunta:

E aí, seu vagabundo, sua vagabunda.
Dá conta de mim?

São Paulo foi o maior adversário que eu tive. Aprendi a respeitar e amar, odiar, detestar, desejar São Paulo. Lá, quis me suicidar, lá, quis viver pra sempre.

Saudade das latas de lixo, verdes. Saudade dos ônibus articulados, das pessoas com fones nos ouvidos, e celulares nas mãos, mergulhadas em mundos que eu nunca vou saber.

Eu amo a decadénce, aquilo que São Paulo seria, e não foi. Mas por isso mesmo, é. O lugar da maturidade. O Brasil que não sorri. O Brasil sem praia, sem leveza, sem espaço pra amadores. São Paulo não é pra amadores, só pra profissionais.

Eu amo São Paulo.

São Paulo, um dia eu vou te rever. Abraçar tuas ruas de novo. Te sentir, de novo. Eu te amo, São Paulo. Pela dor que carregamos. Pelas decepções que temos. Pelos sonhos que não se concretizaram. Pelos fracassos, pelas muitas tardes em que pensamos em desistir, e o sol nos deixava uma última luz, longe, se pondo atrás do prédio do Banespa.

São Paulo, continue vivo por mim.

E sinceramente,

Assistam Manhãs de Setembro. Uma das melhores coisas do audiovisual brasileiro hoje.

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