34 mortes em Petrópolis

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Atualização: o número de mortes acaba de subir para 54.

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Entra verão, sai verão. Entra governo, sai governo. E uma certeza que se tem é: pessoas vão morrer em deslizamentos de terras, em alagamentos, em chuvas torrenciais. Hoje foi Petrópolis. Ontem foi São Paulo, antes de ontem foi o Rio, semana passada foi a Bahia. Está por todo lado. E faz de pessoas, números. 34 mortos, até agora. Não sei seus nomes, nem suas histórias, nem os sonhos que tinham.

Eu sei, a chuva chegou a inúmeros pontos da cidade, alagou comércio, arrastou carros. Mas quem morreu?

Um dia, entrevistei uma senhora idosa que vive numa comunidade muito pobre aqui em Lisboa e ela me disse: “a gente vive onde Deus permite, filha”.

O local permitido para que essas pessoas vivessem, em Petrópolis, tirou as vidas delas. O morro desceu sob as casas. Lama, árvores, chuva. Misturaram-se às paredes, aos corpos. E acabou ali.

E o governo lamenta, o presidente lamenta, a igreja lamenta. Mas o estado só faz crescer o número de pessoas que vivem à margem. Então lamenta o quê mesmo?

Entra verão, sai verão. Entra governo, sai governo. E o brasileiro que continua morrendo, a gente sabe: tem CEP, tem cor, tem origem.

Que dia triste.

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