A função social da CT

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Eu tenho pensado muito sobre a função social do jornalismo. Escrevi sobre isso outro dia na minha página pessoal, porque quando a Maria chegou na redação pedindo ajuda porque o filho tinha sido agredido na escola e nós pudemos ajudar, DE VERDADE, eu senti, pela primeira vez em 12 anos de jornalismo, que era por aquilo que eu tinha escolhido trabalhar com comunicação. Eu tinha sacado, finalmente, o que era a “função social do jornalismo”, expressão repetida mil vezes durante a graduação, mas que é engolida pela realidade dos grandes veículos, que se pautam muito mais em interesses, que em compromisso com as pessoas, no fim das contas.

Acontece que são poucos os jornalistas que, como eu, conseguem isso. De verdade. Porque a maior parte de nós está vendendo a alma num veículo tradicional pra pagar as contas. Daí que eu me pus a pensar nisso de novo nesses dias, quando várias pessoas começaram a nos marcar em uma reportagem do jornal O Globo sobre mais um caso de violência nas escolas portuguesas. Foram muitas as pessoas que nos mandaram a reportagem ou nos marcaram em comentários dizendo: quem levantou essa pauta, foi a Coluna de Terça.

Sabe, queridos. Nós, a CT, nós não somos jornalistas antes de tudo; nós somos humanos, antes de tudo. Saca a diferença? Vou tentar me explicar melhor: quando a Maria veio aqui na redação, ela precisava muito mais de amparo e de cuidado, do que de espaço midiático. Ela não precisava de like. Ela precisava de conforto. O nosso trabalho e o seu apoio, foram o conforto da Maria. Mais do que ganhar seguidor ou pix, a gente olha pro ser humano. E Maria está agora amparada, com a nossa advogada dando também o suporte jurídico que ela precisa.

O que O Globo faz, o que UOL faz, e o que os veículos tradicionais fazem, é caçar like. Quanto mais clique no site, mais eles ganham. Quanto maior a repercussão, então é melhor ainda pras finanças. Sabe? A gente pautou, além desses aí, vários veículos portugueses. Vários! Sabe a diferença? Veículos tugas, nos citaram, nos entrevistaram e nos viram como parte do processo da Maria. Os veículos brasileiros, ignoraram a nossa existência. Vocês podem falar mal dos tugas, mas nesse caso, eles nos respeitaram mais que os nossos “conterrâneos”.

A jornalista que escreveu a matéria da Maria pro UOL, ela citou coisas que a Maria SÓ CONSEGUIU FAZER porque nós pegamos câmera, microfone, pegamos na mão dela e fizemos juntos. A escola não atendeu a Maria por vontade própria; a polícia não registrou a ocorrência só porque sim; a advogada não surgiu à porta da Maria do nada. Todas essas ações, foram tomadas por nós em suporte e apoio à Maria. Percebe a diferença? Entende agora quando eu digo sobre função social?

Nem todos têm. Alguns, nunca terão. Os mesmos que não têm, sequer, a vergonha na cara de citar o trabalho do colega. E veja: se você abrir qualquer notícia no nosso portal, qualquer uma que não tenha sido escrita por nós, está lá assim, antes do texto: G1; UOL; Folha; Estadão. SEMPRE! Porque nós não queremos nada que não seja nosso.

É essa a sutil diferença entre nós e eles. E nós não queremos ser eles, não queremos o lugar deles. Nós queremos o nosso e queremos você com a gente.

Esse ano está sendo duro. E vai piorar. Vamos continuar sendo atacados. Se tudo que nóis tem é nóis, como já disse Emicida, fique com a gente e nos ajude a continuar. Se você não pode assinar, manda um pix quando puder. 50 centavos ou 50 reais, tudo é ajuda. Se você não pode ajudar financeiramente, compartilhe nossas notícias, marque amigos, ajude a gente a chegar mais longe. Não sabemos quanto tempo a conta no instagram vai durar. Mas temos o portal de notícias e a rádio funcionando 24 horas por dia. Eles podem tentar nos derrubar, mas nós ainda estaremos aqui.

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