AS MARCAS SÃO TODAS MINHAS

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estrias

Eu tinha onze anos quando uma amiguinha apontou pro meu corpo e perguntou que que eram aquelas coisas nas minhas pernas. Era uma festa num clube e eu estava de maiô na piscina. Respondi: “são estrias”, e me retirei, envergonhada, pro fundo da piscina, onde eu podia ficar com água até o pescoço e ninguém conseguiria ver o meu corpo. Exibir o meu corpo já era algo difícil, depois de apontado mais um defeito ficou mais difícil ainda. Mas passou e aos dezessete anos eu descobri que não só podia gostar de mim, como ninguém tinha o direito de me dizer se eu era bonita ou feia. É um longo processo a que me reafirmo todos os dias. A estria é como um esticamento nesse tecido que é a pele, que só retrata o quanto a pele esticou. É consequência da ação do corpo. Do meu corpo. Esse corpo que é só meu e é tão lindo. Hoje aos 36 anos só tenho a me orgulhar do meu corpo, e as minhas estrias são as minhas marcas, que me tornam única e bela, sempre, pra sempre.

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